Livre-arbítrio, amor e providência divina
VERSO PARA MEMORIZAR:Providência é o termo usado para descrever a ação de Deus no mundo. A forma como entendemos a providência de Deus faz uma enorme diferença em como nos relacionamos com Ele, com os outros e com o problema do mal.
“Falei essas coisas para que em Mim vocês tenham paz. No mundo, vocês passam por aflições; mas tenham coragem: Eu venci o mundo” (João 16:33).
Leituras da semana:
Lucas 13:34; Jeremias 32:17-20; Hebreus 1:3; Deuteronômio 6:4, 5; Efésios 1:9-11; João 16:33.
Os cristãos possuem diversas compreensões sobre a providência divina. Alguns acreditam que Deus exerce Seu poder de maneira a determinar todos os eventos exatamente como ocorrem. Ele até escolhe quem será salvo e quem será perdido! Nesse entendimento, as pessoas não são livres para escolher de maneira diferente do que Deus decreta. De fato, aqueles que acreditam assim argumentam que até os desejos humanos são determinados por Deus.
Em contraste, fortes evidências bíblicas mostram que Deus não determina tudo o que acontece. Em vez disso, Ele concede aos humanos livre-arbítrio, mesmo a ponto de eles (e os anjos) poderem agir diretamente contra a Sua vontade. A história da Queda, do pecado e do mal é uma expressão dramática e trágica dos resultados do abuso desse livre-arbítrio. O plano da salvação foi instituído para remediar a tragédia causada pelo mau uso do livre-arbítrio.
* Estude a lição desta semana para se preparar para o Sábado, 22 de Fevereiro.
Da Rumba à Igreja
Por Andrew Mcchesney
Quando era criança, Nelson era muito jovem para ir a rumbas na Colômbia. Mas ele sentiu que algo estava errado quando seus pais o levaram à igreja em 31 de dezembro e depois o deixaram em casa para que pudessem celebrar a véspera de Ano Novo na rumba, uma festa tradicional com música, dança e bebida. Na cultura de Nelson, os cristãos iam à igreja para se consagrar a Deus antes da véspera de Ano Novo e depois iam para a rumba para começar o novo ano. Embora ele fosse jovem, Nelson sentia que a igreja era um lugar santo e que a rumba, geralmente realizada em bares e clubes, não era santa. Ele se perguntava: “Por que minha família vai à igreja para ser santificada e depois vai à rumba para ser des-santificada?
Nelson perguntou à sua mãe: “Por que você vai à igreja e depois à rumba?”
Ela não respondeu.
Quando jovem, Nelson deixou de ir à igreja e começou a tocar música folclórica vallenato na rumba. Ele era um excelente tocador de acordeão, e ele deu passos em direção a cumprir o sonho de se tornar rico e famoso
Então, ele conheceu sua futura esposa, Laura, uma ex-Adventista do Sétimo Dia.
“Você sabia que os mortos não estão no céu?” ela perguntou.
Nelson não gostava das ideias de Laura, mas gostava dela. Então, eles ficaram juntos.
Após algum tempo, Laura voltou para a Igreja Adventista, e ela convidou Nelson para conhecer seus pais. Em seu primeiro encontro, o pai de Laura surpreendeu Nelson quando se sentaram para comer. “Vamos orar pela comida”, disse ele.
Nelson nunca havia orado antes das refeições.
Nelson e o pai de Laura tornaram-se amigos. Logo, Nelson começou a orar nas refeições. Ele também começou a ir à igreja com Laura. No início, ele não gostou porque parecia estranho ir à igreja aos sábados. Mas então leu o quarto mandamento em Êxodo 20:8–10 e percebeu que Deus ordenou às pessoas que mantivessem o Sétimo Dia santo. Ele queria ser santo.
Hoje, Nelson Silva, de 30 anos, é um músico Adventista que não toca mais acordeão em rumbas. Em vez disso, toca em restaurantes e festas de aniversário e ora pelos ouvintes. Ele e um grupo de músicos da igreja também tocam em ônibus públicos. “A música me fazia brilhar no mundo, mas agora quero brilhar para Cristo”, disse ele.
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Nosso Deus soberano
“Deus é soberano,” ensinou o pastor jovem ao grupo de adolescentes. “Isso significa que Ele controla tudo o que acontece.” Um adolescente confuso respondeu: “Então Deus estava no controle quando meu cachorro morreu? Por que Deus mataria meu cachorro?”
Tentando responder à pergunta, o pastor jovem disse: “Essa é difícil. Mas, às vezes, Deus nos deixa passar por momentos difíceis para que estejamos preparados para coisas ainda mais difíceis no futuro. Eu me lembro de como foi difícil quando meu cachorro morreu. Mas passar por isso me ajudou a lidar com um momento ainda mais difícil depois, quando minha avó morreu. Faz sentido?”
Após uma longa pausa, o adolescente respondeu: “Então Deus matou meu cachorro para me preparar para quando Ele for matar minha avó?” — Marc Cortez, citado por John C. Peckham, *Divine Attributes: Knowing the Covenantal God of Scripture* (Grand Rapids, MI: Baker Academic, 2021), p. 141.
Às vezes, as pessoas presumem que tudo o que acontece ocorre exatamente como Deus quer. Tudo o que acontece no mundo é exatamente como Deus queria que acontecesse. Afinal, Deus é todo-poderoso. Como, então, algo poderia acontecer que Deus não quisesse? Consequentemente, não importa o que aconteça, por pior que seja, foi a vontade de Deus. Pelo menos, é isso que essa teologia ensina.
Leia Salmos 82:11-14; Isaías 30:15, 18; 66:4; Lucas 13:34. Segundo esses textos, a vontade de Deus sempre é feita em nosso mundo?
Embora muitas pessoas acreditem que Deus sempre consegue o que deseja, a Bíblia conta uma história bem diferente. Repetidas vezes, as Escrituras retratam Deus experimentando desejos não realizados. Ou seja, o que acontece muitas vezes vai contra o que Deus declara que realmente prefere que aconteça. Em muitos casos, Deus declara explicitamente que o que está acontecendo é o oposto do que Ele deseja. Ele desejava um resultado para Seu povo, mas eles escolheram outro em vez disso. O próprio Deus lamenta: “ ‘Mas o Meu povo não quis ouvir a Minha voz... Ah, se o Meu povo Me escutasse, se Israel andasse nos Meus caminhos! Em breve Eu abateria os seus inimigos’ ” (Salmos 81:11, 13, 14).
Pense nas consequências de atribuir tudo o que aconteceu á vontade de Deus. Que tipo de problemas graves, especialmente no contexto do mal, esse ensino acaba criando?
Pontokrator
Ao longo das Escrituras, o incrível poder de Deus é manifestado. A Bíblia inclui inúmeros relatos de Deus exercendo Seu poder e realizando milagres. E, no entanto, apesar disso, muitas coisas acontecem que Deus não quer que aconteçam.
Leia Apocalipse 11:17; Jeremias 32:17-20; Lucas 1:37; Mateus 19:26; Hebreus 1:3. O que essas passagens ensinam sobre o poder de Deus?
Esses e outros textos ensinam que Deus é todo-poderoso e que Ele sustenta o mundo com Seu poder. De fato, o Apocalipse se refere repetidamente a Deus como o “Senhor Deus Todo-Poderoso” (em grego, pantokrator; Apocalipse 1:8; 11:17; 16:14; 19:15; 21:22; veja 2Coríntios 6:18. ” O fato de Deus ser todo-poderoso não é apenas afirmado em palavras, mas também manifestado em muitas ocasiões incríveis em que Deus usa Seu poder para libertar Seu povo ou intervém milagrosamente no mundo.
No entanto, dizer que Deus é “todo-poderoso” não significa que Ele pode fazer qualquer coisa. As Escrituras ensinam que há coisas que Deus não pode fazer; por exemplo, 2 Timóteo 2:13 declara que Deus “não pode negar a Si mesmo”.
Assim, a maioria dos cristãos concorda que Deus é todo-poderoso (onipotente), o que significa que Deus tem o poder de fazer qualquer coisa que não envolva uma contradição—isto é, qualquer coisa que seja logicamente possível e consistente com a natureza de Deus. O fato de que algumas coisas não são possíveis para Deus porque envolveriam uma contradição fica evidente na oração de Cristo no Getsêmani. Enquanto Cristo afirmou que “com Deus todas as coisas são possíveis” (Mateus 19:26), Ele também orou ao Pai, à medida que a crucificação se aproximava: “ ‘Meu Pai, se for possível, passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres’ ” (Mateus 26:39)
É claro que o Pai possuía o poder absoluto para livrar Cristo do sofrimento na cruz, mas Ele não poderia fazer isso e, ao mesmo tempo, salvar os pecadores. Era necessário escolher entre uma coisa ou outra, não ambas.
A Bíblia ensina que Deus deseja salvar a todos (1 Timóteo 2:4-6; Timóteo 2:11; 2Pedro 3:9; Ezequiel 33:11). Mas nem todos serão salvos. O que isso ensina sobre o livre-arbítrio e os limites do poder de Deus em relação aos seres a quem Ele deu a liberdade de escolha?
Amar a Deus
O fato de Deus ser todo-poderoso não significa que Ele possa fazer o logicamente impossível. Consequentemente, Deus não pode determinar causalmente que alguém O ame livremente. Se fazer algo livremente significa fazê-lo sem ser determinado a fazê-lo, então, por definição, é impossível forçar alguém a fazer algo livremente. Em resumo, como vimos e devemos enfatizar novamente Deus não pode forçar ninguém a amá-Lo, pois, no momento em que é forçado, já não é mais amor.
O que estes versos ensinam sobre o livre-arbítrio? Mateus 22:37; Deuteronômio 6:4, 5.
O maior mandamento, amar a Deus, fornece evidências de que Deus, de fato, deseja que todos O amem. No entanto, nem todos amam a Deus. Por que, então, Deus simplesmente não faz com que todos O amem? Novamente, isso ocorre porque o amor, para ser amor, deve ser dado livremente.
Leia Hebreus 6:17, 18; Tito 1:2. Segundo esses textos, o que Deus não pode fazer?
De acordo com Números 23:19, “ ‘Deus não é homem, para que Ele minta’ ”. Deus nunca mente (Tito 1:2); Deus sempre mantém Sua palavra e nunca quebra uma promessa (Hebreus 6:17, 18). Consequentemente, se Deus fez uma promessa ou se comprometeu com algo, Sua ação futura é moralmente limitada por essa promessa.
Isso significa que, na medida em que Deus concede às criaturas a liberdade de escolher algo diferente do que Deus prefere, não depende de Deus o que os humanos escolhem. Se Deus se comprometeu a conceder liberdade às criaturas, os humanos possuem a capacidade de exercer sua liberdade de maneiras que vão contra os desejos ideais de Deus. Tragicamente, muitas pessoas exercem sua liberdade dessa maneira, e, consequentemente, há muitas coisas que acontecem que Deus gostaria que não acontecessem, mas que não estão estritamente falando, nas mãos de Deus.
Você já fez alguma coisa que saiba que Deus não desejava você fizesse? O que isso ensina sobre o livre-arbítrio e suas possíveis consequências terríveis?
A vontade ideal e a vontade remedial de Deus
O que Efésios 1:0 a 11 ensina sobre a predestinação? Algumas pessoas estão predestinadas a ser salvas e outras a se perderem?
O termo grego traduzido como “predestinação” aqui e em outros lugares na Escritura (prohorizo) não ensina por si só que Deus determina causalmente a história. Em vez disso, o termo grego simplesmente significa “decidir de antemão”.
É claro que pode-se decidir algo de antemão unilateralmente, ou pode-se decidir algo de antemão levando em conta as decisões livres de outros. A Escritura ensina que Deus faz o último.
Aqui e em outros lugares (por exemplo, Rom. 8:29, 30), o termo traduzido como “predestinado” refere-se ao que Deus planeja para o futuro após levar em conta o que Deus conhece de antemão sobre as decisões livres das criaturas. Assim, Deus pode guiar providencialmente a história para os bons fins desejados por todos, mesmo ao respeitar o tipo de liberdade criatural que é necessária para um relacionamento amoroso genuíno.
Efésios 1:11 proclama que Deus “trabalha todas as coisas de acordo com o conselho de Sua vontade”. Isso significa que Deus determina que tudo aconteça exatamente como Ele deseja? Lido isoladamente, Efésios 1:9-11 pode parecer afirmar essa visão. No entanto, essa interpretação contradiz os muitos textos que vimos anteriormente, que mostram que as pessoas às vezes rejeitam “a vontade de Deus” (Lucas 7:30; comparar com Lucas 13:34, Salmos 81:11–14). Se a Bíblia não se contradiz, como essas passagens podem ser compreendidas de maneira consistente uma com a outra?
Essa passagem faz perfeito sentido se simplesmente reconhecermos uma distinção entre o que podemos chamar de “vontade ideal” de Deus e a “vontade remediadora” de Deus. A “vontade ideal” de Deus é o que Deus realmente prefere que aconteça e que ocorreria se todos sempre fizessem exatamente o que Deus deseja. A “vontade remediadora” de Deus, por outro lado, é a vontade de Deus que já levou em conta todos os outros fatores, incluindo as decisões livres das criaturas, que às vezes se afastam do que Deus prefere. Efésios 1:11 parece estar se referindo à “vontade remediadora” de Deus.
O conhecimento de Deus sobre o futuro (presciência) é tão poderoso que, mesmo prevendo todas as escolhas das pessoas, incluindo as más escolhas, Ele ainda faz que tudo coopere para o nosso bem (Romanos 8:28). Você encontra conforto nessa verdade?
Cristo venceu o mundo
Se tudo ocorresse de acordo com a vontade ideal de Deus, nunca haveria mal, apenas o perfeito êxtase de amor e harmonia. Eventualmente, o universo será restaurado a essa vontade perfeita e ideal de Deus. Enquanto isso, Deus está realizando Sua vontade de uma maneira que leva em conta as decisões livres de Suas criaturas.
Imagine uma competição de confeitaria na qual todos os participantes são obrigados a usar um conjunto particular de ingredientes, mas podem adicionar quaisquer outros ingredientes que quiserem para assar qualquer tipo de bolo que desejarem, também. No final, qualquer bolo que um padeiro acabe fazendo será determinado, pelo menos em parte, por alguns ingredientes que o padeiro não escolheu.
Da mesma forma (nesse respeito limitado), porque Deus se comprometeu a respeitar a liberdade da criatura necessária para o amor, muitos dos “ingredientes” que compõem a história mundial não são escolhidos por Deus, mas são, na verdade, opostos ao que Deus deseja.
Nesta visão, a providência divina não é simplesmente unidimensional, como se Deus controlasse unilateralmente tudo o que acontece. Pelo contrário, isso requer (pelo menos) uma visão bidimensional da providência divina. Algumas coisas neste mundo são causadas por Deus, mas outras ocorrências são resultado das decisões livres das criaturas (assim como todos os males). Muitas coisas acontecem que Deus não quer que aconteçam.
Leia João 16:33. Que esperança essa promessa oferece nas aflições =?
Particularmente em tempos de sofrimento ou provação, a fé das pessoas pode vacilar porque elas mantêm a crença errada de que Deus vai ou deve poupá-las do sofrimento e das provações nesta vida. Mas Jesus nos conta uma história muito diferente, alertando Seus seguidores que experimentarão provações e tribulações neste mundo, mas há esperança, pois Cristo venceu o mundo (João 16:33).
O fato de enfrentarmos sofrimento e provações não significa que isso é o que Deus idealmente quer para nós. Devemos sempre ter em mente o grande quadro: a grande controvérsia. No entanto, podemos ter confiança de que, embora o mal em si mesmo não seja necessário para o bem, Deus pode trazer o bem até mesmo a partir de eventos maus. E, se confiarmos em Deus, Deus pode usar até mesmo nossos sofrimentos para nos aproximar Dele e nos motivar a ser compassivos e cuidar dos outros.
Estudo Adicional:
Leia Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [2021], p. 9-15 (“Deus connosco”).
“O plano para nossa redenção não foi uma ideia de última hora, um plano formulado após a queda de Adão. Foi uma revelação do ‘mistério que esteve oculto durante os tempos eternos’ (Rom. 16:25). Foi o desdobramento dos princípios que, desde os tempos eternos, têm sido a fundação do trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás e da queda do homem através do poder enganoso do apóstata. Deus não ordenou que o pecado existisse, mas Ele previu sua existência e fez provisões para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo que Ele fez um pacto para dar Seu Filho unigênito, ‘para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha vida eterna’ (João 3:16).”—Ellen G. White, *O Desejado de Todas as Nações*, p. 11.
Questões para discussão:
As coisas nem sempre ocorrem como Deus deseja. Esse fato influencia sua maneira de pensar sobre o que acontece no mundo? Quais lições aprendemos com isso?
Pense na analogia do bolo (lição de quinta-feira). Embora Deus previsse a apostasia de Satanás, ainda assim nos criou. Isso era essencial para o amor, que significa liberdade. Deus nos criou com a capacidade de amar, já sabendo que , no fim, isso levaria Jesus á cruz. Cristo sofreu na cruz, em vez de nos negar a liberdade inerente ao amor. O que isso ensina sobre a importância do amor no governo de Deus?
Se bem que nos afligimos com o mal e o sofrimento que existem no mundo, com que frequência temos reservado tempo para refletir sobre o fato de que o próprio Deus Se entristece com o sofrimento e o mal? Você reconhece que Deus sofre por causa dessa realidade? Isso faz diferença para a sua compreensão do mal e do sofrimento?
O Senhor não deseja muitas coisas que acontecem no mundo. Esse fato ajuda você a lidar com seu próprio sofrimento,